Luiz Felipe Scolari não quer saber de conversa: o futuro de Tinga é questão da diretoria. Durante a semana, Roberto Frizzo e Guilherme Miranda, diretor da DIS, amenizaram a crise entre clube e empresa, que esperava por um papo entre técnico e atleta, na sexta.
– Se perguntarem para mim, digo que não está tudo bem. Se perguntar lá (diretoria e DIS), diz que está. É de acordo com os interesses – comentou o treinador do Verdão.
– Tinga nunca deixou de fazer parte do grupo. Foram entradas e saídas normais. Se não quiser trabalhar, é assunto Tinga e direção. Não passem mais nada para mim. Quem tem de assumir certas situações são dirigentes – completou.
Antes do jogo contra o Atlético-PR, há duas semanas, Felipão já pensava em tirar Tinga da equipe, por razões técnicas. O treinador aproveitou a crise com a DIS, que começou com Vinícius, para dar um alerta à empresa: cortou o volante do banco como quem manda o seu recado: "aqui, eu que mando".
Felipão detonou a DIS por várias vezes, com aprovação da diretoria, que adota discurso político. A escalação ou não de Tinga também é função do técnico, entende a direção.
– Eu apoio tudo o que fez Felipão. O clube não tem nada contra Tinga, ele não está querendo treinar com o elenco. Vamos analisar – disse o presidente Arnaldo Tirone.
É a diretoria que terá de se entender com a DIS, dona de parte dos direitos de Tinga, em busca de ofertas. Por enquanto, ele só tem sondagens. A empresa acha que o atleta não tem mais condições de ficar no clube.
– Tinga queria aguardar Felipão voltar, queria falar com ele. Passado isso, vamos ver o que fazer. A diretoria vai tomar uma decisão. Não tem problema nenhum em assumir a responsabilidade – disse o vice-presidente de futebol, Roberto Frizzo.
Divergência sobre falta aos treinos da semana
Luiz Felipe Scolari e a comissão técnica consideram que Tinga faltou a três treinos da semana. O atleta, por meio da DIS, se defende. Tinga, de fato, foi à Academia de Futebol, mas se recusou a trabalhar no campo, ao lado dos demais companheiros de clube.
O volante foi orientado a isso, para se precaver de lesões. Na visão de Tinga, ele só voltaria a trabalhar no gramado após conversar uma conversa com Felipão, que passou a semana em Portugal e voltou a trabalhar na sexta.
Tinga, então, se limitou aos trabalhos físicos na Academia, o que irritou a comissão técnica.
Na sexta passada, Tinga afirmou, à Rádio Bandeirantes, que viajaria para o Sul no sábado, mas não sabia se seria cortado ou ficaria no campo. Disse que era critério de Felipão. O técnico não gostou da manifestação e acabou cortando o jogador da viagem.
Relação de Felipão com a diretoria
Temor inicial
Após Arnaldo Tirone assumir a presidência, em janeiro, havia receio de Felipão em relação aos aliados políticos do dirigente, caso de Mustafá Contursi.
Bom trabalho
Boa campanha na temporada rendeu elogios até de quem achava o salário do técnico alto, caso de Mustafá e outros conselheiros. Ex-presidente tem feito elogios a Felipão, inclusive no caso com a DIS. No turbilhão político verde, as críticas agora são para Roberto Frizzo.
Caso Valdivia
Luiz Felipe Scolari gostou das declarações de Arnaldo Tirone, que detonou Valdivia em entrevista ao "Jornal da Tarde". Apesar de ter recuado depois e até pedido desculpas ao Mago, o presidente deu a dura no meia que a comissão técnica estava esperando.
Contratações
Em reuniões, Felipão cobrou pelo menos duas contratações de mais impacto para o Brasileirão. E se irrita com os vazamentos de informações. Mas tem entendido a situação financeira. "Se não for para contratar, assino embaixo. Vamos embora, buscar alternativas", afirmou Felipão, ontem.
Caso DIS
Felipão acha que a empresa quis "roubar" o jovem Vinícius, o seduzindo. Direção tem mesmo pensamento. Escolha por Tinga, da DIS, nos jogos é vista como função só do treinador.
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