sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O retorno do guerreiro Cabañas


Como tantas vezes ocorreu no passado, o Estádio Azteca vibrou com a presença de Salvador Cabañas. O atacante voltou ao palco dos seus grandes feitos no futebol mexicano apenas um ano e meio depois de ter ficado entre a vida e a morte. As duas equipes do seu coração, o América e a seleção paraguaia, completavam o cenário. Inesquecível.

Para os 30 mil torcedores que presenciaram a homenagem, a grande surpresa foi constatar que o guerreiro estava em ótima forma. É claro que ele estava com alguns quilinhos a mais em comparação à época em que aterrorizava as defesas adversárias, mas ninguém imaginava que fosse ver Cabañas tão bem fisicamente, correndo atrás da bola como antigamente.

Emoção em dobro

A festa começou com a entrada do ídolo em campo, aplausos, saudações e uma enorme frase no círculo central com os dizeres "a grandeza está em não se deixar vencer por nada". Ali, Cabañas recebeu uma camisa da seleção paraguaia assinada por todos os seus companheiros e vários outros presentes dos torcedores do América.

E então chegou o momento esperado. Portando a braçadeira de capitão e as cores do América, o atacante deu o pontapé inicial na partida. Naturalmente, todos os seus companheiros procuravam Cabañas, que recebia a bola, tocava e até chegou até a arriscar um chute perigoso na direção do gol.

Dez minutos depois, encaminhou-se para a linha lateral para ser substituído. Mas o show estava longe de terminar. Cabañas deu a volta olímpica, ovacionado pelos torcedores do América, a quem respondeu batendo no peito e beijando a camisa. O público se entregou, como nas noites mágicas da Libertadores.

Após uma rápida visita aos vestiários, foi a vez de os seus companheiros de seleção terem o privilégio de jogar ao lado do atacante, que durante outros dez minutos voltou a mostrar lampejos do grande jogador cujas imagens ainda povoam a memória de todo o Paraguai. Transcorrido o tempo, era a hora de baixar a cortina. Emocionado, Cabañas deixou o terreno de jogo e se dirigiu ao túnel.

"Cabañas é meu ídolo"

Após a partida, o arrebatamento que tomou conta do ídolo o impediu de dizer mais do que duas frases emocionadas. "É tudo muito lindo para mim e para a minha família. Agradeço aos torcedores do América por todo o carinho que me deram nos momentos bons e ruins." Os colegas de time, porém, não pouparam palavras para contarem ao FIFA.com o espanto e a alegria com tudo o que viram naquela tarde no Azteca.

"Fiquei surpreso, porque na verdade ele se lembra de tudo, inclusive de coisas que aconteceram três ou quatros anos atrás", disse Matías Vuoso, parceiro de ataque. "Começamos a conversar sobre momentos que havíamos vivido juntos, e ele recordou fatos de que nem eu me lembrava."

Já Paulo da Silva, companheiro de alegrias e tristezas na seleção paraguaia, deixou transparecer a sua felicidade com a recuperação do amigo. "Queríamos que ele tivesse marcado um gol, mas o importante é que o Salvador está feliz e cumpriu o seu objetivo de jogar com a seleção e com o América, onde passou momentos muito bonitos."

O técnico Carlos Reinoso, um dos grandes heróis da história do clube, foi ainda mais longe nos elogios. "Lembro que eu e o Salvador chegamos ao México vindos do mesmo time chileno, o Audax Italiano, e desenvolvemos uma relação de respeito, carinho e admiração. Sempre disse que o Cabañas é o meu ídolo, não tenho nada a lhe falar além de palavras de agradecimento."

Após o encontro, a imprensa paraguaia destacou o emocionante regresso. O jornal La Nación falou em "milagre", enquanto o ABC Color estampou "E um dia, o Marechal voltou". Mas a reação mais impressionante foi a de José Guadalupe Cruz, técnico do Jaguares, time que levou o atacante para o México. "Ele provou que está na plenitude das suas faculdades físicas para exercer a profissão. É um jogador de muita qualidade, não podemos descartá-lo. Se ele quiser voltar, o Jaguares poderá ser uma opção."

Será que o milagre chegaria a tanto? Impossível saber no momento. A única certeza é que o guerreiro está mais vivo e feliz do que nunca, e isso é a melhor notícia que poderiam receber os 30 mil corações que bateram em uníssono no mítico Estádio Azteca.

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